terça-feira, 19 de dezembro de 2017

                                                
                                                   História sobre José Macke!


Na Revista SKT Paulusblatt de março de 1982 consta, na página 90, uma matéria enviada pelo Dr. Otto Loeffler se referindo a vida e a morte de um dos pioneiros colonizadores: José Macke-Trigolândia- Município de Bagé-RS.

“No dia 21 de dezembro de1981 foi chamado para a eternidade, o nosso sempre eterno, caridoso, pois acolhia a muitas de novas  famílias durante dias ou mais dos novos integrantes e querido irmãos José Macke, depois de seis meses de convalescência aos cuidados da esposa Maria quando foi chamado para a eternidade.
No dia seguinte aconteceu seu sepultamento com imensa participação da população, após a Santa Missa de corpo presente celebrada na Igreja “Cristo Rei” pelo Frei Boaventura Kloppenburg, que era cunhado do falecido e Diretor da Pastoral da Teologia para a América Latina. A missa foi concelebrada com o Padre José Macke Filho, filho do falecido e Vigário da Paróquia do Município de Lavras do Sul-RS, Padre Alex Kloppenburg, filho do irmão da esposa do falecido e exercia o cargo de coadjutor da Paróquia de São Gabriel-RS. MonSenhor Pedro  Wastowski, Secretário da Diocese de Bagé-RS e também do Frei Mário Segredo Capelão Militar da guarnição de Bagé.
José Macke completando quase 82 anos, com profunda consternação deixou a esposa Maria, nascida Kloppenurg e 10 filhos: José, Henrique, Alfredo, João, Lourenço, Carlos, Antônio, Ursula, Maria e Janete (adotiva). Deixou 5 noras, 2 genros e 28 netos(as).
Quando eu vim para o Brasil, em julho de 1937, tive a sorte primeiro porque eu tive abrigo na casa do seu sogro Bernardo Kloppenburg e um pouco depois encontrei em sua casa muita hospitalidade e com muita fartura e encontrei também a lida com a produção e lidar com a terra da região da Campanha. Em silêncio e retraído conquistou para si a honra do dever cumprido, para que o povo brasileiro que cada vez aumentava tivesse o seu pão. Por isso plantava milho, aveia e linhaça sempre ajudado na sua lida pela esposa Maria, com a qual manteve sempre uma família unida e feliz. Primeiro adquiriu 60 hes e mais tarde comprou mais 60 hes. Lavrava a terra com um arado de 2 aivecas e puxado por 4 cavalos. 
Nota: “Este arado existe ainda hoje”. A lavração desta terra bruta e pesada de lavrar era verdadeiramente um trabalho difícil e penoso pois havia um matagal de chirca e macega de 2 a 3 metros de altura.
José Macke possuía todas as qualidades de um colono: trabalhador, guerreiro e era muito seguro no trabalho e no negócio e principalmente um grande espírito de empreendedorismo. Grande era também seu espírito de paciência diante das adversidades. Diante disso sempre dizia: “ Assim como tudo acontece é o melhor”. Quando enfrentou 3 anos de más colheitas ele não perdia a paciência. Ele veio em 1929 de Rolante-RS para a fronteira Bagé onde o Sr. Francisco Krenzinger com alguns companheiros de Pelotas-RS fundou a Colônia Friedenau, que mais tarde se tornou Colônia Trigolândia. Ele foi o primeiro que aqui trabalhou com um trator para lavrar a terra como empregado do Klein onde com o seu cunhado Francisco Kloppenburg lavraram 200 hes de terra bruta e assim tornaram esta terra em terras produtivas. Sua inspiração era obter seu próprio trator e mecanismos. Depois de vários anos com muito trabalho e esforço conseguiu realizar o seu sonho. Depois disto veio a prosperidade. Com o arado de disco, máquina de corta e trilha, reboque com mais facilidade e mais rapidez aumentar o tamanho de suas lavouras.
 Numa visão de futuro José Macke (aqui com Lourenço Macke) viram a necessidade para a Região da construção de um espaço maior com a construção de um Salão de Baile e encontros para interesses comunitários. Assim foi construído o “Salão Trigolândia”.  O salão servia para todas as finalidades e assim não servia apenas para a Comunidade religiosa da qual era descentralizada mas para toda a atividade de cunho social.
Assim o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a Coopersul, o Funrural e INPS” ( como ele coloca) estão estreitamente ligados ao local. Aqui o recente Bispo empossado em Bagé Dom José Gomes ( classificado por ele como socialista)  hoje Bispo em Chapecó-SC, proferiu uma palestra com o tema: “ A união faz a força”. Este Bispo teve participação ativa na fundação da Colônia Salvador Jardim”, onde muitos filhos das famílias da Trigolândia tiveram acesso a um lote entre eles Henrique Macke e Alfredo Macke. Frisa ele que são filhos de José Macke e que eles se estabeleceram com uma próspera atividade agrícola. Aqui também eram realizadas palestras de agrônomos sobre atividades agrícolas e o desenvolvimento sustentável.
José Macke também preocupado com o social, religioso e educacional da comunidade.
José Macke não foi só o pioneiro no desenvolvimento do agro-negócio na zona da campanha, mas se preocupou muito com a cultura e a religiosidade onde tem o seu reconhecimento pela sua atividade. Escola e capela são interligados em todas as colônias com a vida e o trabalho dos habitantes. Para isto os colonizadores dão imenso valor e uma honra em particular efetivamente. Se hoje temos uma Escola Estadual de Ensino Médio e uma Comunidade Religiosa tão bem organizada, devemos essa conquista para as poucas famílias que em 1930 vieram da Colônia Rolante e a eles devemos o nosso agradecimento e reconhecimento. O atraso cultural e religiosa era um vácuo que eles aqui encontraram. Neste processo de aculturação José Macke tem um grande mérito com a sua participação.
Mas, José ainda fez muito mais. Presenteou a nova Paróquia para cuidar da parte espiritual por meio do estudo da teologia para o seu filho mais velho. O filho foi ordenado Padre, em Bagé, pelo Arcebispo Scherer para cuidar da nova Paróquia e que conduziu com muito zelo e dedicação e que atendeu por muitos anos com a satisfação e admiração do povo. Isto foi o ápice do trabalho meritório e apostólico de José Macke. Que ele receba na eternidade a recompensa pela sua vida dedicada à construção do Reino de Deus.
PS : O nosso falecido co-irmão ou irmão em Cristo José Macke era também um devoto fervoroso a Maria Santíssima. Por isso, acreditava que no seu sepultamento teria cantado: “Maria Zu Lieben” e “Com minha mãe estarei.”


Depois de ler tão bela história não há como não se comover de ter tido um pai exemplar, comunitário, religioso e trabalhador.