História sobre José Macke!
Na Revista SKT Paulusblatt
de março de 1982 consta, na página 90, uma matéria enviada pelo Dr. Otto
Loeffler se referindo a vida e a morte de um dos pioneiros colonizadores: José
Macke-Trigolândia- Município de Bagé-RS.
“No dia 21 de dezembro de1981
foi chamado para a eternidade, o nosso sempre eterno, caridoso, pois acolhia a
muitas de novas famílias durante dias ou
mais dos novos integrantes e querido irmãos José Macke, depois de seis meses de
convalescência aos cuidados da esposa Maria quando foi chamado para a
eternidade.
No dia seguinte aconteceu
seu sepultamento com imensa participação da população, após a Santa Missa de
corpo presente celebrada na Igreja “Cristo Rei” pelo Frei Boaventura
Kloppenburg, que era cunhado do falecido e Diretor da Pastoral da Teologia para
a América Latina. A missa foi concelebrada com o Padre José Macke Filho, filho
do falecido e Vigário da Paróquia do Município de Lavras do Sul-RS, Padre Alex
Kloppenburg, filho do irmão da esposa do falecido e exercia o cargo de
coadjutor da Paróquia de São Gabriel-RS. MonSenhor Pedro Wastowski,
Secretário da Diocese de Bagé-RS e também do Frei Mário Segredo Capelão Militar
da guarnição de Bagé.
José Macke completando quase
82 anos, com profunda consternação deixou a esposa Maria, nascida Kloppenurg e
10 filhos: José, Henrique, Alfredo, João, Lourenço, Carlos, Antônio, Ursula,
Maria e Janete (adotiva). Deixou 5 noras, 2 genros e 28 netos(as).
Quando eu vim para o Brasil,
em julho de 1937, tive a sorte primeiro porque eu tive abrigo na casa do seu
sogro Bernardo Kloppenburg e um pouco depois encontrei em sua casa muita
hospitalidade e com muita fartura e encontrei também a lida com a produção e
lidar com a terra da região da Campanha. Em silêncio e retraído conquistou para
si a honra do dever cumprido, para que o povo brasileiro que cada vez aumentava
tivesse o seu pão. Por isso plantava milho, aveia e linhaça sempre ajudado na
sua lida pela esposa Maria, com a qual manteve sempre uma família unida e
feliz. Primeiro adquiriu 60 hes e mais tarde comprou mais 60 hes. Lavrava a
terra com um arado de 2 aivecas e puxado por 4 cavalos.
Nota: “Este arado existe
ainda hoje”. A lavração desta terra bruta e pesada de lavrar era
verdadeiramente um trabalho difícil e penoso pois havia um matagal de chirca e
macega de 2 a 3 metros de altura.
José Macke possuía todas as
qualidades de um colono: trabalhador, guerreiro e era muito seguro no trabalho
e no negócio e principalmente um grande espírito de empreendedorismo. Grande
era também seu espírito de paciência diante das adversidades. Diante disso
sempre dizia: “ Assim como tudo acontece é o melhor”. Quando enfrentou 3 anos
de más colheitas ele não perdia a paciência. Ele veio em 1929 de Rolante-RS
para a fronteira Bagé onde o Sr. Francisco Krenzinger com alguns companheiros
de Pelotas-RS fundou a Colônia Friedenau, que mais tarde se tornou Colônia
Trigolândia. Ele foi o primeiro que aqui trabalhou com um trator para lavrar a
terra como empregado do Klein onde com o seu cunhado Francisco Kloppenburg lavraram
200 hes de terra bruta e assim tornaram esta terra em terras produtivas. Sua
inspiração era obter seu próprio trator e mecanismos. Depois de vários anos com
muito trabalho e esforço conseguiu realizar o seu sonho. Depois disto veio a
prosperidade. Com o arado de disco, máquina de corta e trilha, reboque com mais
facilidade e mais rapidez aumentar o tamanho de suas lavouras.
Numa visão de futuro José Macke (aqui com
Lourenço Macke) viram a necessidade para a Região da construção de um espaço
maior com a construção de um Salão de Baile e encontros para interesses
comunitários. Assim foi construído o “Salão Trigolândia”. O salão servia para todas as finalidades e
assim não servia apenas para a Comunidade religiosa da qual era descentralizada
mas para toda a atividade de cunho social.
Assim
o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a Coopersul, o Funrural e INPS” ( como
ele coloca) estão estreitamente ligados ao local. Aqui o recente Bispo
empossado em Bagé Dom José Gomes ( classificado por ele como socialista) hoje Bispo em Chapecó-SC, proferiu uma
palestra com o tema: “ A união faz a força”. Este Bispo teve participação ativa
na fundação da Colônia Salvador Jardim”, onde muitos filhos das famílias da
Trigolândia tiveram acesso a um lote entre eles Henrique Macke e Alfredo Macke.
Frisa ele que são filhos de José Macke e que eles se estabeleceram com uma
próspera atividade agrícola. Aqui também eram realizadas palestras de agrônomos
sobre atividades agrícolas e o desenvolvimento sustentável.
José
Macke também preocupado com o social, religioso e educacional da comunidade.
José
Macke não foi só o pioneiro no desenvolvimento do agro-negócio na zona da
campanha, mas se preocupou muito com a cultura e a religiosidade onde tem o seu
reconhecimento pela sua atividade. Escola e capela são interligados em todas as
colônias com a vida e o trabalho dos habitantes. Para isto os colonizadores dão
imenso valor e uma honra em particular efetivamente. Se hoje temos uma Escola
Estadual de Ensino Médio e uma Comunidade Religiosa tão bem organizada, devemos
essa conquista para as poucas famílias que em 1930 vieram da Colônia Rolante e
a eles devemos o nosso agradecimento e reconhecimento. O atraso cultural e
religiosa era um vácuo que eles aqui encontraram. Neste processo de aculturação
José Macke tem um grande mérito com a sua participação.
Mas,
José ainda fez muito mais. Presenteou a nova Paróquia para cuidar da parte
espiritual por meio do estudo da teologia para o seu filho mais velho. O filho
foi ordenado Padre, em Bagé, pelo Arcebispo Scherer para cuidar da nova Paróquia
e que conduziu com muito zelo e dedicação e que atendeu por muitos anos com a
satisfação e admiração do povo. Isto foi o ápice do trabalho meritório e apostólico
de José Macke. Que ele receba na eternidade a recompensa pela sua vida dedicada
à construção do Reino de Deus.
PS
: O nosso falecido co-irmão ou irmão em Cristo José Macke era também um devoto
fervoroso a Maria Santíssima. Por isso, acreditava que no seu sepultamento
teria cantado: “Maria Zu Lieben” e “Com minha mãe estarei.”
Depois
de ler tão bela história não há como não se comover de ter tido um pai
exemplar, comunitário, religioso e trabalhador.
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